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SENSU TALKS #41 - Eleonora Paschoal: os bastidores de 4 décadas de telejornalismo

  • SENSU
  • 19 de jun.
  • 5 min de leitura

No episódio 41 do SENSU TALKS, transmitido no feriado de Corpus Christi, o jornalista e doutor em Ciências Moura Leite Netto, diretor da SENSU, recebeu Eleonora Paschoal,  jornalista com mais de 40 anos de atuação no telejornalismo, reconhecida por suas coberturas marcantes na editoria de saúde e, mais recentemente, por sua vivência como correspondente nos Estados Unidos para grandes emissoras brasileiras.


Ao longo da conversa, transmitida ao vivo nos canais da SENSU Consultoria de Comunicação, depoimentos em vídeo de colegas como Carlos Nascimento, Thaís Martins, Andressa Guaraná, Naima Popp, André Zorato e Christiane Hato contribuíram para costurar a narrativa de uma carreira feita de coragem, apuração rigorosa e paixão por informar. Ao longo da conversa, Eleonora compartilhou episódios marcantes e desafiadores da sua trajetória, reflexões sobre os bastidores da profissão e orientações valiosas para jornalistas que desejam atuar com mais preparo, profundidade e responsabilidade.  


Dos primeiros passos à ponte aérea Brasil-EUA


Eleonora contou que a vontade de ser jornalista surgiu ainda na infância. “Eu queria ser duas coisas na vida: médica e jornalista”, revelou. A carreira começou cedo, ainda como rádio-escuta, e logo evoluiu para funções de reportagem em grandes emissoras como TV Globo, Bandeirantes, SBT e Record. O jornalismo de saúde tornou-se um eixo constante em sua trajetória. "Dentro do jornalismo eu posso não ser médica, mas posso tocar em assuntos da medicina e ajudar pessoas", disse. Hoje, atua como correspondente internacional freelancer nos Estados Unidos, produzindo conteúdos para múltiplas redes e desenvolvendo projetos na sua empresa, a IPC – Eleonora Paschoal Comunicações, especializada em treinamento de porta-vozes e gerenciamento de crises.


"Foi o helicóptero que me levou longe"


Em vídeo, Carlos Nascimento destacou um marco de inovação trazido por Eleonora: a atuação como repórter a bordo de helicóptero — uma prática que ela ajudou a consolidar no Brasil. Eleonora explicou como esse momento foi decisivo em sua carreira. “O helicóptero me deu muita visibilidade. Fiz grandes reportagens a partir dali”. A experiência levou a repórter até a obter licença de piloto e se especializar em coberturas aéreas e temas de aviação.


Durante sua fala, Eleonora não hesitou em lembrar da tragédia envolvendo os Mamonas Assassinas, em 1996. A comoção nacional exigiu dos jornalistas uma abordagem cuidadosa, que equilibrasse a urgência da informação com o respeito ao luto de milhões de fãs. “Sempre nos pautamos pelo respeito. Nosso objetivo era informar os fãs e, ao mesmo tempo, gerar imagens que pudessem ser úteis para as investigações”.


Esse compromisso com o rigor e o respeito norteou outros momentos importantes de sua trajetória, como reportagens sobre incêndios, tragédias aéreas, e até surtos sanitários, como o episódio de febre aftosa no Mato Grosso, relembrado pelo cinegrafista André Zorato.


Paixão por saúde: um caminho natural


Thais Martins, ex-produtora de pautas do Jornal da Band e hoje radicada na Austrália, perguntou se o foco em saúde foi uma escolha estratégica. Eleonora respondeu com afeto. “Eu queria ser médica”, contou. A escolha pelo jornalismo, no entanto, não significou abrir mão dessa paixão. Ao contrário, foi uma forma de integrar dois mundos que a completam. “Tentei me encaminhar como profissional e tentar me sentir completa. O jornalismo de saúde me proporcionou isso. Paralelamente, a medicina sempre esteve na minha vida. Eu queria entender o que os médicos estavam fazendo para poder fazer uma boa reportagem”. Essa postura ficou evidente quando ela chegou para entrevistar o cirurgião oncológico Ademar Lopes com cinco livros embaixo do braço — e lidos. “Preparação é tudo”, cravou. “Eu leio tudo, mesmo quando parece inútil. Pode ser útil lá na frente”.


Eleonora acrescenta que a conexão com a saúde trouxe também uma enorme responsabilidade: informar com precisão, clareza e respeito temas que impactam diretamente a vida das pessoas. Para ela, o preparo é indispensável em qualquer tipo de pauta, mas especialmente em temas técnicos. “Preparação para uma entrevista é tudo! Ler, pesquisar e se informar”.


A chegada da IA: uma aliada, não uma ameaça


Durante a conversa, Andressa Guaraná perguntou sobre a transformação que a inteligência artificial vem trazendo ao jornalismo. Eleonora respondeu com equilíbrio e visão prática: “É importante que o repórter olhe para a inteligência artificial como parceiro de trabalho. Se souber fazer as perguntas corretas, a IA pode te auxiliar a construir o texto e a reportagem.” Para ela, a tecnologia não substitui o olhar crítico e humano do jornalista, mas pode ser uma aliada estratégica se bem utilizada. “É uma excelente ferramenta de trabalho, que deve-se olhar como uma parceria”, afirmou.


Bastidores: como nasce uma reportagem de saúde?


Por mais que esteja no ar há décadas, a repórter revela que a chave continua sendo a curiosidade. “Eu ligava para os hospitais perguntando: o que vocês têm de novo?”, contou. Essa busca ativa já a levou a descobrir cirurgias inéditas, como o transplante de uretra e bexiga, ainda em fase experimental.


Além das questões técnicas e dos grandes temas da atualidade, Eleonora reforçou a importância da estrutura de bastidores no jornalismo. Segundo ela, o bom resultado de uma reportagem depende do entrosamento e do apoio entre repórteres, produtores, chefes de redação e equipes de pauta. “Se o jornalista não tem apoio do produtor e do pauteiro, fica cada um para um lado. Não adianta ter uma produtora que corre atrás, se você não tem na chefia a pessoa que facilita esse caminho”. 


Repórter e mentora


Vários colegas relembraram com carinho o papel de Eleonora como mentora. A produtora Naima Popp emocionou a convidada ao fazê-la lembrar o impacto positivo que Eleonora causou em seu início na carreira. “O cuidado e a dedicação dela fizeram com que eu me empenhasse ainda mais.


Eleonora fundou há quase uma década a EPC — Eleonora Paschoal Comunicações. A empresa nasceu da necessidade de ter uma estrutura jurídica para atender às emissoras brasileiras, mas cresceu e hoje oferece serviços como gerenciamento de crises, media training e treinamentos para profissionais da saúde e de outras áreas estratégicas. “Comecei atendendo as emissoras de TV e as empresas começaram a me chamar para apresentar media training. Também treino muitos médicos”, contou.


Ao ser perguntada pela diretora da CDI Comunicação, Christiane Hato, sobre casos que a marcaram, Eleonora lembrou: “Já treinei candidatos à presidência, executivos públicos e até pessoas com pavor de falar.”. Um dos casos que mais a marcou foi o de uma pessoa nos Estados Unidos que não conseguia sequer falar em reuniões. Após oito meses de acompanhamento, essa pessoa passou a se comunicar com segurança em público. “Ajudar uma pessoa a falar é muito gratificante, e eu tenho muito prazer em fazer. Ensinar alguém a se expressar é muito importante”. 


Correspondente internacional: uma brasileira nos EUA


Nos últimos 10 anos, Eleonora tem atuado como correspondente internacional. A missão, segundo ela, é sempre conectar o mundo com o público brasileiro. “O que isso significa para quem está no Brasil? Sempre penso no que a pessoa sentada no sofá vai colher daquela informação”. Essa sensibilidade se estende até à cobertura de temas aparentemente distantes, como turismo em países africanos ou políticas migratórias nos EUA.


O jornalismo, entre tradição e reinvenção


Ao final da conversa, Moura perguntou sobre as mudanças no telejornalismo ao longo de quatro décadas. Eleonora resumiu: “Hoje a informação é mais rápida, mais dinâmica. Os equipamentos e as plataformas nos permitem chegar mais perto das pessoas. Mas nada substitui o bom jornalismo: apuração, ética e empatia”. A live terminou com agradecimentos e homenagens mútuas, selando o episódio como um verdadeiro tributo à paixão pelo jornalismo.


Confira o episódio



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