Os convidados na quarta (26) do episódio #20 do SENSU TALKS foram Sabrina Ribeiro, médica intensivista com área de atuação em Cuidado Paliativo, coordenadora da Unidade Crítica de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e doutora em Ciências pela USP; Jussara Del Moral, formada em Comunicação Social, aposentada e criadora de conteúdo. Diagnosticada com câncer de mama metastático, é idealizadora e apresentadora do Canal Supervivente; e Juliana Dantas, jornalista, locutora e apresentadora do podcast Finitude.
Nesse episódio, foi abordado a necessidade de se desmistificar a área de Cuidados Paliativos, ainda hoje alvo de tabus por falta de informação e de educação. Nesse sentido, as convidadas são unânimes em esclarecer que paliar não é apenas uma atividade médica, mas multidisciplinar, que exige um olhar para cada caso, de modo a aliviar o sofrimento do paciente seja ele físico, espiritual ou social.
Sabrina destacou ainda que muito se confunde o cuidado paliativo com o acelerar da morte por falta de preparo. As universidades não contemplam o treinamento adequado para os profissionais que são formados, muitas vezes, para prolongar a vida a qualquer custo, já que a finitude faz parte da nossa existência. “Todo médico deveria saber abordar e cuidar do sofrimento. Aliviar a dor seja ela qual for. É disso que trata a equipe paliativista”, afirmou.
Outro ponto observado por ela é que o paciente precisa ser visto como um ser integral e isso demanda igualdade entre todos os profissionais da equipe, que é multidisciplinar. Sendo assim, a hierarquia tradicional precisa ser deixada de lado, pois o médico não pode ser o último a dar a palavra.
Como paciente, Jussara ressaltou o quanto o cuidado paliativo a ajudou desde que descobriu o câncer de mama, há 15 anos. Embora com câncer metastático, ela vive bem, com qualidade de vida, o que é o mais importante na sua avaliação. Declarou ainda que acha importante ser respeitada no seu desejo de como quer morrer. “Na maior parte das vezes, as dores não são físicas, mas morais e o cuidado paliativo tem o poder de aliviá-las. Mas poucos têm acesso a esse cuidar”, diz.
Para Juliana, que acompanhou o pai e a avó nesse processo, e acredita que ambos tiveram uma morte digna, faz todo sentido disseminar o conhecimento adquirido e desmistificar a finitude e o cuidado paliativo com informação acessível, embora acredite que também falta acesso financeiro. “Não é ainda uma política pública consolidada, mas é preciso saber dos seus direitos e que nem todo mundo sobrevive. Isso precisa ser mostrado sem sensacionalismo na mídia”, observou.
As convidadas destacaram ainda a importância de trazer o tema para o debate em sociedade e esclarecem que é preciso enxergar a área como um cuidado a mais no fim da vida e não a menos. Não é sobre morrer, mas como se vai viver até lá.
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