A convidada do episódio #15 do SENSU TALKS foi a jornalista Tatiana Ferraz, professora de telejornalismo, radiojornalismo e locução na Faculdade Cásper Líbero desde 2006, onde é responsável pelo curso livre Medicina e Jornalismo (Medjô). Tatiana também é especialista em audiovisual, media training e Comunicação na área da saúde e doutoranda do Programa de Saúde Baseada em Evidência da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) e membro da Oxford Brazil Alliance e Cochrane Brazil. Com apresentação do diretor da SENSU, Moura Leite Netto, a live foi ao ar em 25 de agosto pelo Facebook e YouTube. Esta e todas as lives anteriores estão disponíveis no canal.
Depois de atuar por cerca de 20 anos na redação de diversos veículos como a TV Cultura e a rádio Eldorado, além de dar aulas de jornalismo, Tatiana decidiu dedicar-se exclusivamente à vida acadêmica e ao MedJô. “Um dos meus sonhos hoje é que o MedJô se torne uma disciplina da faculdade de jornalismo. Quando vejo a qualidade dos textos de ex-alunos do curso fico muito feliz”, disse.
Para ela, falta base na preparação dos jornalistas em relação à cobertura de saúde. Um exemplo atual é cobertura sobre a pandemia da Covid-19: “Vemos nas manchetes que a descoberta de uma nova variante do vírus e a aprovação de uma nova vacina têm o mesmo tamanho. Será que essas duas notícias merecem o mesmo peso?”, refletiu. Para Tatiana, ao dar a mesma importância a diferentes fatos sobre o tema, os veículos confundem o leitor. A polarização política agrava ainda mais a situação, fazendo com que “as pessoas sejam taxadas de negacionistas (ou comunistas) por qualquer declaração”.
Sobre a Covid-19, ela chama atenção para a questão dos números absolutos informados na mídia. “O número deve sempre estar dentro de um contexto. Será que não é melhor olhar o índice de transmissibilidade? Há critérios que precisamos mudar e nada deve se sobrepor às evidências científicas”, disse. Por sinal, Tatiana destaca que o termo “evidência científica” passou a fazer parte do dia a dia de todos os jornalistas e das pessoas em geral por causa da pandemia. “Antes da Covid-19, a maioria não sabia o que era isso e o jornalista precisou se preocupar com essa questão”, afirmou.
Há desafios para o profissional que pretende se especializar na área. A medicina não é uma ciência exata. Descobertas novas acontecem todos os dias e as “verdades” são atualizadas. Por essa razão, uma fonte muito importante para o jornalismo de saúde são os cientistas. “O jornalista precisa ter acesso a estudos, bancos de dados, ensaios clínicos bem-feitos, disse, alertando que é preciso evitar situações como a da cobertura da fosfoetanolamina, a pílula do câncer, em que na opinião da especialista “a imprensa errou”.
O legado da pandemia para o jornalismo de saúde, na opinião de Tatiana, será grande e positivo, com os temas relacionados à saúde merecendo mais atenção. Com a vacinação, avalia a jornalista, apesar da irresponsabilidade e incompetência do governo federal em lidar com a pandemia, a Covid-19 passará a ser endêmica, como aconteceu com outras doenças, e o noticiário precisará achar um equilíbrio e voltar a ter espaço para outros fatos importantes da saúde.
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