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Ensaios de pós-graduandos do Labjor propõem novo olhar sobre jornalismo científico

  • SENSU
  • 18 de jul.
  • 3 min de leitura

Refletir criticamente sobre o papel do jornalismo na mediação entre ciência e sociedade é uma necessidade. Em um cenário em que a desinformação circula com velocidade e a credibilidade das instituições científicas é constantemente testada, pensar a divulgação científica com profundidade e compromisso social tornou-se essencial. Foi com esse espírito que nasceu o livro “Produção e circulação do conhecimento científico”, organizado pelos pesquisadores Sabine Righetti e Jhonatan Dias.  


Resultado da disciplina “Jornalismo Científico”, oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Unicamp, a obra reúne textos produzidos por 27 alunos do curso de mestrado. Ao longo do semestre, cada estudante foi convidado a refletir sobre o tema da produção e circulação do conhecimento a partir de diferentes perspectivas, muitas vezes vinculadas às suas próprias linhas de pesquisa. O resultado é uma coletânea que dialoga com os principais debates contemporâneos da comunicação pública da ciência.


“Os 27 estudantes do curso se dedicaram a uma reflexão específica sobre produção e circulação do conhecimento ao longo do curso e, ao final, juntamos os materiais na publicação, que foi viabilizada com apoio da CAPES/MEC”, explica Sabine Righetti, uma das organizadoras do livro e professora do Labjor.


A publicação conta com capítulos que abordam desde o uso de fontes especializadas nas reportagens sobre educação da grande imprensa até o papel de influenciadores da saúde nas redes sociais, passando por reflexões sobre ciência e periferia, a presença feminina nas pesquisas, o papel dos museus e centros de ciência, entre outros temas que evidenciam a diversidade e a riqueza de olhares dentro da divulgação científica.


De acordo com Sabine, a proposta da disciplina era justamente permitir que os alunos aplicassem os conceitos debatidos em aula em temas que já vinham sendo pesquisados no mestrado. “O livro acabou sendo uma oportunidade para que os pós-graduandos aprofundem temas com os quais já estavam trabalhando sob a ótica do jornalismo científico em sala de aula”, afirma.


Com mais de duas décadas de atuação, o Labjor-Unicamp consolidou-se como um dos principais centros de formação de profissionais da divulgação científica no país. A própria Sabine Righetti é fruto desse processo. Ela foi aluna da instituição na turma de 2003/2004, quando, como ela relembra, “a divulgação científica ainda engatinhava no Brasil”. Desde então, o campo se expandiu e ganhou relevância, especialmente após a pandemia da Covid-19, quando a importância da comunicação pública da ciência se tornou inegável.


Hoje, o programa oferece especialização, mestrado e, a partir de 2025, também contará com um curso de doutorado em Divulgação Científica e Cultural, sinalizando o crescimento da área e o reconhecimento institucional da sua relevância. “formação em divulgação científica contribui para a formação de jornalistas de todas as áreas do conhecimento e de todas as editorias. Isso porque todos nós, jornalistas de economia, política, cidades, qualquer área, estamos sempre falando com cientistas de diferentes áreas do conhecimento sobre achados e sobre tentativas de entender fenômenos da natureza e da nossa sociedade”, reforça. 


Ao reunir uma série de reflexões inéditas sobre como o conhecimento científico circula na sociedade, o livro propõe um olhar expandido sobre o papel da divulgação científica. Para Righetti, não se trata apenas de comunicar o que foi produzido dentro dos laboratórios e universidades, mas de considerar a comunicação como parte integrante do próprio processo científico.


“Espero que a obra contribua para ampliar o olhar sobre a divulgação do conhecimento científico em uma perspectiva que aborda desde a sua produção. Defendo que a divulgação científica deve integrar a atividade científica desde a concepção e a produção da ciência porque o fluxo do conhecimento é um só”, acrescenta. 


Essa visão, ainda pouco consolidada, segundo ela, ganha força justamente ao ser incorporada à formação de uma nova geração de jornalistas e comunicadores científicos que compreendem a importância de democratizar o acesso ao conhecimento.

Sabine enxerga com otimismo o futuro profissional de quem se dedica à divulgação científica. Cada vez mais, agências de fomento, nacionais e internacionais, estão incluindo indicadores de divulgação científica em seus processos de avaliação, exigindo que a ciência seja não apenas feita, mas compreendida socialmente.


Essa tendência aponta para a valorização de profissionais capazes de mediar o diálogo entre cientistas e o público, ampliando o impacto social da ciência. O livro “Produção e circulação do conhecimento científico” é, nesse contexto, um marco da produção acadêmica sobre jornalismo científico e instrumento de formação e reflexão coletiva.


FICHA TÉCNICA

Título: Produção e circulação do conhecimento científico

Organizadores: Sabine Righetti e Jhonatan Dias

Editora: Pontes

Data da publicação: 1º de janeiro de 2025

Edição: 1ª

Idioma: Português

Número de páginas: 185

ISBN-10: 8521706235

ISBN-13: 978-8521706236

Onde encontrar: Amazon, Estante Virtual, Magazine Luiza e outras livrarias online.

 
 
 

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