top of page

Diretor da SENSU ministra workshop de Comunicação Científica Criativa na Escola de Enfermagem da USP

  • SENSU
  • 15 de nov.
  • 4 min de leitura

O Workshop “Comunicação Científica Criativa - Estratégias Inovadoras para Engajar o Público”, ministrado pelo jornalista Moura Leite Netto, diretor da SENSU Comunicação, doutor em Ciências e pesquisador de pós-doutorado da USP, foi um dos destaques do III Programa de Primavera do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP). A atividade foi realizada presencialmente no dia 14 de novembro, em São Paulo e integrou a programação do evento acadêmico promovido pela EE-USP nos dias 13 e 14 de novembro. Com duração de duas horas, o workshop reuniu pesquisadores de mestrado e doutorado da instituição em uma experiência aplicada de reflexão e prática sobre os desafios contemporâneos da comunicação científica.


Diretor da SENSU ministra workshop de Comunicação Científica Criativa na Escola de Enfermagem da USP

Concebido e conduzido pelo diretor da SENSU, o workshop foi estruturado em uma aula expositiva e uma atividade prática voltada à aplicação imediata dos conceitos apresentados. Desde o início, a proposta foi colocar os participantes diante de um desafio concreto de transformar um artigo científico em notícia, preservando o rigor metodológico da pesquisa e, ao mesmo tempo, incorporando critérios jornalísticos de relevância, assertividade e interesse público. A atividade partiu do entendimento de que produzir e comunicar ciência são dimensões indissociáveis quando o objetivo é ampliar o impacto social do conhecimento.


Na etapa expositiva, Moura Leite Netto apresentou fundamentos do jornalismo e da divulgação científica, partindo da definição do que caracteriza uma notícia e da lógica do lide jornalístico. A discussão abordou as perguntas essenciais que estruturam a informação noticiosa e como elas podem ser aplicadas à produção acadêmica sem distorcer os achados científicos. Ao longo da exposição, foi reforçada a ideia de que comunicar ciência não significa simplificá-la de forma excessiva, mas reorganizar a informação de modo estratégico para torná-la compreensível e socialmente relevante.


O workshop aprofundou a reflexão ao diferenciar comunicação científica, divulgação científica e jornalismo científico, destacando o papel complementar dessas frentes na circulação do conhecimento. A ciência foi apresentada como um processo que se completa apenas quando dialoga com a sociedade, seja por meio da educação, da imprensa ou das mídias digitais. Nesse contexto, os pesquisadores foram estimulados a compreender que a escolha da linguagem e do formato é parte essencial da responsabilidade científica.


Outro eixo central da atividade foi a leitura crítica de artigos científicos. Os participantes foram orientados a analisar títulos, resumos, métodos, resultados e conclusões, identificando limitações, vieses e problemas recorrentes que comprometem a compreensão dos achados. A discussão incluiu a distinção entre pesquisas qualitativas e quantitativas e a importância de contextualizar dados e números ao comunicá-los ao público, evitando interpretações equivocadas e o uso inadequado de resultados estatisticamente significativos, porém pouco relevantes do ponto de vista social.


A credibilidade das fontes científicas também foi objeto de atenção no workshop. Foram abordados critérios para reconhecer revistas confiáveis e identificar práticas editoriais predatórias, reforçando a importância da curadoria responsável das evidências utilizadas na comunicação científica. Esse conteúdo foi integrado ao exercício prático proposto aos participantes, evidenciando que a qualidade da divulgação começa na escolha criteriosa do material científico que será transformado em informação pública.


A relação entre pesquisadores e imprensa foi discutida como parte estratégica do ecossistema de comunicação em saúde. Moura destacou o papel da assessoria de imprensa e da assessoria de comunicação como mediadoras entre a produção científica e os veículos jornalísticos, ressaltando que a interação com jornalistas, a solução de dúvidas e a concessão de entrevistas fazem parte do compromisso social da ciência. Em um cenário marcado pela disseminação de desinformação em saúde, a presença de fontes qualificadas foi apresentada como um elemento fundamental para fortalecer a confiança pública no conhecimento científico.


As mídias sociais foram tratadas como espaços legítimos e estratégicos da divulgação científica contemporânea. O workshop abordou o uso responsável dessas plataformas, considerando linguagem, formato, periodicidade e adequação ao público. A comunicação em saúde nas redes foi apresentada como uma prática profissional que exige planejamento, ética e consciência dos riscos associados à exposição digital, especialmente no que diz respeito à privacidade de pacientes e à responsabilidade dos pesquisadores como formadores de opinião.


A inteligência artificial foi apresentada como ferramenta de apoio à comunicação científica, especialmente em processos de transcrição, organização de informações e adaptação de conteúdo para diferentes plataformas. Ao mesmo tempo, a atividade reforçou a centralidade da curadoria humana e da revisão técnica, destacando que o uso dessas tecnologias deve ser transparente e responsável, sem delegar à automação decisões que exigem julgamento científico.


Na etapa prática do workshop, os participantes trabalharam a partir de um artigo científico recente da área da saúde para produzir um título e dois parágrafos em formato de notícia. O exercício exigiu a identificação de um dado central com potencial noticioso, a construção de um lide noticioso e a organização lógica das informações, com linguagem acessível e sem perda de precisão técnica. A experiência permitiu aos pesquisadores experimentarem, de forma concreta, os desafios e as possibilidades de “traduzir” a ciência para além do ambiente acadêmico.


Ao final da atividade, o workshop reforçou a importância de integrar comunicação e pesquisa desde as etapas iniciais da produção científica. Ao assumir o papel de comunicadores de seus próprios achados, os participantes ampliaram a compreensão sobre o impacto social da ciência e sobre a responsabilidade de torná-la acessível à sociedade.

logo sensu_negativo_edited.png
Copyright © SENSU Comunicação - Todos os direitos reservados
bottom of page