Trazer uma visão sobre como a mídia está cobrindo, além do Outubro Rosa, temas sobre câncer de mama, incluindo prevenção, diagnóstico precoce, tratamento, reabilitação, pesquisa, inovações e políticas de acesso em depoimentos de médicas, pesquisadoras, jornalistas e pacientes. Essa é a proposta do episódio seis do SENSU CAST, um podcast para falarmos sobre jornalismo e comunicação corporativa de saúde, ciência e educação. A apresentação é de Moura Leite Netto, jornalista, doutor em Ciências, diretor/fundador da SENSU, editor da Agência Bori e presidente da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência (RedeComCiência).
Participam deste episódio:
- Fabiana Baroni Makdissi, membro da comissão de mulheres da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica e head de Mama do A.C.Camargo Cancer Center.
- Camila Guatelli, médica radiologista, membro da Sociedade Paulista de Diagnóstico por Imagem (SPR) e titular do A.C.Camargo.
- Cynthia Bueno de Toledo Osório, médica patologista, membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e titular do A.C.Camargo.
- Viviane Rezende, cirurgiã oncológica, presidente da Regional do Distrito Federal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica e titular do Hospital Universitário de Brasilia.
- Nilceana Maya Aires Freitas, radio-oncologista do Hospital de Câncer Araújo Jorge, do Instituto de Mastologia e Oncologia - IMO e do CEBROM - Grupo Oncoclinicas de Goiânia
- Samantha Rizzi, fisioterapeuta especialista em Oncologia e em Saúde da Mulher, doutora e Mestre em Ciências da Saúde e titular do Hospital Universitário da UNIFESP.
- Luciana Holtz, psico-oncologista, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia.
- Caroline do Nascimento, advogada especializada em pacientes com câncer e pós-graduada em direito em medicina e saúde.
- Mariana Fernandes, paciente com câncer de mama e criadora da comunidade Mari Anjo Rosa.
- Natália Cuminale, jornalista de saúde e ciência e criadora do portal Futuro da Saúde.
Com mais de 2 milhões de novos casos anuais, o câncer de mama é, depois dos tumores malignos de pele não-melanoma, o câncer mais comum entre as mulheres e a quinta maior causa de morte no mundo entre todos os tipos de câncer. São registrados 626 mil óbitos por ano, segundo o IARC, braço de pesquisa do câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, a estimativa para 2022 é de 66 mil novos casos de câncer de mama no país, representando 29% de todos os tumores malignos no sexo feminino. É um número de casos superior à soma da incidência entre as mulheres de câncer de pulmão, colo do útero, colorretal e tireoide. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica chama a atenção da população para a importância do diagnóstico precoce e assertivo de cada subtipo desta doença, que poderá ter um aumento exponencial de novos casos nos próximos anos por conta de casos represados durante a pandemia de Covid-19.
Uma ferramenta do IARC/OMS, que leva em conta mudanças demográficas e perfil da doença para avaliar a incidência de câncer e carga de mortalidade em todo o mundo, prevê que no ano de 2040 a incidência de novos casos/ano de câncer de mama ultrapasse a marca de 3 milhões e o número de mortes salte dos cerca de 600 mil para quase 1 milhão.
Embora o câncer de mama não seja uma exclusividade do sexo feminino - ocorre 1 caso em homens para cada 100 em mulheres - o maior risco para desenvolver câncer de mama, portanto, é ser mulher. Uma análise da American Cancer Society mostra que as mulheres têm um risco médio de 12% de receber o diagnóstico da doença ao longo da vida.
Todo câncer é genético (células que se multiplicam de forma desordenada), mas em 5% a 10% dos casos o carcinoma mamário está associado com alterações genéticas que foram herdadas ao nascimento (chamadas de mutações germinativas), como as encontradas em genes como o BRCA1 e BRCA2. Mulheres com vários casos de câncer de mama ou de ovário na família, particularmente em idade jovem e sobretudo na mãe, irmãs, filhas ou homens, podem ter predisposição genética ao câncer de mama e serem portadoras da Síndrome de Câncer de Mama e Ovário Hereditário, entre outras.
A história do Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, começou no ano de 1980, quando Nancy Brinker prometeu à sua irmã Susan Komen, então diagnosticada com câncer de mama, que se dedicaria integralmente a promover a conscientização da sociedade sobre os temas relacionados à doença. Em 1982, Brinker lançou a Susan G. Komen®, organização que, em 1990, promoveria a Corrida pela Cura, evento que se tornou o marco que deu início ao Outubro Rosa. No Brasil, a campanha Outubro Rosa teve uma primeira sinalização em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado de cor de rosa. Seis anos depois, o movimento se fortaleceu no país, atingindo diferentes cidades brasileiras, com múltiplas ações.
O acesso à informação pela mídia e pelas campanhas de conscientização sobre câncer de mama aumentam a chance de a doença ser diagnosticada em estadio clínico inicial, quando são mais elevadas as taxas de sobrevida em cinco anos e é maior a chance de cura, contribuindo assim para a redução da mortalidade. Este dado é do doutorado de nosso diretor, Moura Leite Netto, defendido em 2019, no A.C.Camargo.
Junto com seus orientadores, observou-se que o risco de tumor avançado é 1,6 vezes (ou seja, 160%) maior para as pacientes do SUS, cerca de 2 vezes maior (200%) entre as pacientes que não assistem a programas de televisão que não dedicam boa parte da programação aos temas de saúde e médicos e 180% maior entre as pacientes que não conseguiram realizaram a mamografia em todas as vezes que o exame foi solicitado pelo médico.
O acesso à informação qualificada pela mídia e pelas campanhas de conscientização sobre câncer e mama, como o Outubro Rosa, reflete no maior acesso ao diagnóstico precoce e resulta em redução de mortalidade de por câncer de mama. Concluímos que é importante proporcionar maior grau de escolaridade, acesso à informação qualificada e outros elementos necessários para se contrapor as mentiras que tanto alimentam mitos sobre o câncer de mama, influenciando positivamente no diagnóstico de câncer de mama por estadio clínico.
Confira o episódio:
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Referências do episódio Bray F, Ferlay J, Soerjomataram I, Siegel RL, Torre LA, Jemal A. Global cancer statistics 2018: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin. 2018 Nov; 68(6):394-424.
INCA. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. – Rio de Janeiro: INCA, 2022.
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Urban LABD, Chala LF, Bauab SP, Schaefer MB, Santos RP, Maranhão NMA, Kefalas AL, Kalaf JM, Ferreira CAP, Canella EO, Peixoto JE, Amorim HLE, Camargo Junior HSA. Recomendações do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia para o rastreamento do câncer de mama. Radiol Bras. 2017 Jul/ Ago;50(4):244–249.
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Leite Netto, José de Moura. Influência da mídia no diagnóstico de câncer de mama por estadio clínico/ José de Moura Leite Netto – São Paulo, 2019. 87p. Tese (Doutorado)-Fundação Antônio Prudente.
Nesta primeira temporada, traremos episódios mensais. Cada episódio novo estreará na última terça-feira de cada mês.
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Música: https://www.purple-planet.com (Living in Hope)
O SENSU TALKS traz um episódio novo sempre na última terça-feira de cada mês.
Este podcast é uma produção da SENSU Consultoria de Comunicação e Estúdio Banca de Conteúdo. Apoio: Banca de Conteúdo.
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